domingo, 27 de junho de 2010

MÊS DO ORGULHO? DE QUÊ?

Este mês, como dito na postagem anterior e sabido por muitos é o Mês do "ORGULHO" LGBT. Paradas, festas, ciclo de palestras, entre outros eventos, movimentaram a cidade de São Paulo, assim como outras cidades do país, em busca de uma reflexão sincera à respeito de causas que ainda se mostram adversas de muitos cidadãos.
Acreditando em minha função como artista, educador e cidadão, percebo que uma sociedade real não se constrói apenas pela avaliação de seus insucessos, mas sim pelas contribuições que fortemente vem para se entender a contemporaneidade como espaço único de mudança. Ultimamente ando sorrindo mais, ando acreditando apenas.
Mas nesta noite de domingo, ao ler uma matéria sobre um menino de 14 anos que foi torturado e assassinado em São Gonçalo - RJ, por supostamente ser homossexual... não sei, senti dor e ódio e medo de que o "ORGULHO" que o mês carrega seja um pouco vazio, afinal, de que adiantam os 3 milhões participantes de uma Parada na cidade de São Paulo, se não somos capazes de ecoar uma fúria e desejo de justiça à respeito de um crime cometido pelo preconceito? Um crime não, na verdade, segundo dados da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT), foram assassinados cerca de 2.800 homossexuais nos últimos 20 anos.
Ainda não sei o que dizer! Ainda estou em choque! Ainda quero perguntar:
Você que me lê, tem fome de quê? Tem ódio?  De quê? Tem amor? O que faz pela mudança do pensamento medíocre que sustenta este país? Ou melhor, a sua cidade ou o seu bairro ou a sua casa? Como se muda? Como podemos nos calar? Você só sabe gritar É GOOL? Ou sabe gritar CHEGA?
Apesar de andar sorridente nos últimos tempos, hoje durmo triste e infeliz e espero que quem leu esta postagem não se sinta ofendido mas, sinceramente invadido e convidado e divulgar a pobreza de ideais que ainda mergulhamos nalguns cantos deste país.

Rosas Brancas para Alexandre Thomé Ivo Rojão.


3 comentários:

  1. Não tenho uma religião por opção e algumas pessoas me criticam por isso. A impressão que tenho é de que não importam as minhas atitudes, as minhas boas intenções, o meu bom caráter. Para essas pessoas, o fato de não ser religioso anula todas as minhas qualidades. Isso é preconceito!

    Da mesma forma, os homossexuais, bissexuais e todos que são diferentes e não fazem parte do "rebanho" da sociedade sofrem violência psicológica e física, como na matéria absurda que você relatou.

    Eu tenho fome de reflexão. Se as pessoas se informassem mais e principalmente refletissem mais, ao invés de apenas seguirem calados os preceitos que a sociedade medíocre impõem como certo e errado, não seríamos obrigados e abrir o jornal e nos depararmos com uma notícia bizarra destas.

    Abraço!

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  2. Simplesmente intrigante e pertinente sua reflexão!!!

    É exatamente desse tipo de cidadão que a nação necessita!!!

    Abraços Rafa!!!

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  3. “Não mais trarei justificações
    Aos olhos do mundo.
    Serei incluído
    Pormenor esboçado
    Na grande bruma.
    Não serei batizado,
    Não serei crismado,
    Não estarei doutorado,
    Não serei domesticado,
    Pelos rebanhos
    Da terra.
    Morrerei inocente
    Sem nunca ter
    Descoberto
    O que há de bem e mal
    De falso ou certo
    No que vi.”

    (Roberto Piva - poeta falecido em 2010, entusiasta do surreal, do manifesto politico gay e do poema xamânico)

    Esse Rafael é uma referêcia não só geográfica por causa da autura, mas intelectual e comportamental. Orgulho?Não sei mesmo se a sexualidade nos exige tanto. Talves a política de ignorancias é que nos cobre palavras assim.
    Serei incluído? Faço-me incluso!
    Ainda existe simpatizantes ou mudou d nome?

    Um forte abraço, diretor!

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