segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Paralelos: Da Vaca até uma Alma Boa

Durante o ciclo de um dia que iniciou bem cedinho pude viver a beleza da revelação ao fim da noite. O ciclo foi no último sábado, onde antes de sair verifiquei meus e-mails e descobri que o espetáculo que atualmente faço operação de som, anteciparia o término da temporada por questões financeiras acarretadas pela ausência de um público expressivo. Por acaso, naquela mesma manhã aconteceu o que seria a penúltima apresentação do espetáculo infanto-juvenil “Zé da Vaca” com o Grupo O Casulo BonecObjeto, coordenado por Ana Maria Amaral – senhora do teatro de bonecos e formas animadas no Brasil. E o público? Bem, apesar de tímido, sempre deixou uma mensagem de alegria e satisfação pelo toque humano que o espetáculo propõe.

Pela noite, conferi a premiada do Shell 2008 “A Alma Boa de Setsuan” do dramaturgo alemão Bertolt Brecht, com direção de Marco Antônio Braz em parceria com a atriz Denise Fraga e grande elenco. Na peça, Braz conservou aspectos essenciais do discurso épico proposto pelo autor, sobretudo ao entregar a continuidade do pensamento proposto no espetáculo para que os espectadores possam não só ser “almas boas”, mas corajosos em aceitar esse tempo que é indiferente ao toque humano.
Ao final, Denise Fraga agradece a presença de todos e diz que devido ao sucesso, o espetáculo que já teve duas vezes a temporada prorrogada, ganharia nova temporada até março! E assim, o ciclo do dia se fechou!

O Zé que embarcado de um amor imenso por sua Vaca, segue numa aventura onde enfrenta perigos e descobre a coragem que tem dentro de si, se encontra no mesmo ambiente que Chen Tê, a alma boa, um dia passou. A única característica que os difere é a imagem, ele: simples e humano; ela: simples e humana.

Por fim o Zé decidiu continuar com sua Vaca nos dias 5, 6 e 13 de dezembro às 11h no Teatro Commune! Informações: http://zedavaca.blogspot.com/

A opressão que nos cerca

*texto produzido para http://grupodopulo.blogspot.com/

Nadya Milano recomendou ao Grupo do Pulo a matéria de Romário Borelli, para o jornal O Estado de S.Paulo, que escreveu sobre a trajetória de vida de um dos representantes mais significativos para o teatro brasileiro e mundial, que nos deixou neste ano de 2009, falo de Augusto Boal. Como responsável pela estruturação de um teatro onde a voz ativa partia do público, Boal apresentou de forma clara a democracia em seu formato mais justo, o do ponto de vista humano. A partir do momento em que o primeiro espect-ator ganhou voz diante da platéia, tornou-se membro representATIVO de um teatro que se tornava cada vez mais real, onde aquele que era desprovido do direito de falar, organizava em sua criação, a auto-crítica e sua posição na sociedade. Os direitos humanos expostos aos milhares desde a exploração infantil, da mulher, do trabalhador e a opressão política se tornaram foco de um teatro que se espalhou por todo o mundo em busca de mais vozes ativas.
Mas onde estaria o brilhantismo e o espetáculo da obra teatral de Augusto Boal?

A resposta me veio a partir de uma palestra, proferida pelo próprio Boal no Cine Vila Rica de Ouro Preto há alguns anos atrás. Sempre conheci aquele homem como um mito que ouvimos falar nos livros, praticamos suas propostas e percorremos sua trajetória. Quando Boal chegou com sua bengalinha e cumprimentou a platéia ansiosa de aproximadamente 500 pessoas tive a certeza que o espetacular na obra de Boal estava na dura resistência pela busca da humanidade.

Nesse sentido, voltamos a um Brasil banhado de corrupção e um mundo inconseqüente de suas responsabilidades e nos lembramos, onde está o nosso sentimento de inquietação? A humanidade grita, mas nós homens não ouvimos.

Boal Boa Boal! A Alma Boa!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

DIVULGAÇÃO: CORPO MUNICIPAL DE TEATRO DE ATIBAIA GANHA CORPO

por Nivaldo Todaro e Rafael Carvalho


O CMT - Corpo Municipal de Teatro iniciou suas atividades acerca de dois meses, por iniciativa da Secretaria de Cultura e Eventos, visando a formação artística de um corpo estável de teatro que atue como multiplicador e agente de formação em atividades focadas na produção teatral na cidade de Atibaia.
Com a preocupação de agregar valores e responsabilidades no processo de formação do ator, o CMT pretende contribuir para o desenvolvimento humano e intelectual do indivíduo. Para isto, foram planejadas intencionalmente aulas que contemplam estudos teóricos e práticas teatrais, passando por vivências, jogos, exercícios, leituras dramáticas, improvisações de cenas, dinâmicas, meditações e trabalhos corporais, visando o processo de autoconhecimento do aluno. É sabido que somente por meio de jogos é que podemos encontrar diversão e humor, elementos estes que promovem um caminho aberto para liberdade de criação e expressão artística, o que é essencial para o desenvolvimento do trabalho do ator.
O teatro que procuramos vai de encontro à essência do homem que se relaciona com todas as coisas a todo o momento. Interessa-nos o indivíduo com seus problemas existenciais e espirituais; o homem como um ser político, social e cultural; com liberdade de ação, investigativo e reflexivo; enfim, longe de estereótipos que o tornam um ser monocórdio e repetitivo.
A partir destas reflexões é que foram atribuídos os conceitos que nortearam os princípios básicos do CMT incluindo o processo de divulgação, inscrição e seleção.
Foram inscritas 94 pessoas e selecionadas 25 que hoje fazem parte deste grupo. As aulas acontecem sempre as terças, quartas e quintas-feiras, das 19 às 21h30, em sua sede na Rua Oswaldo Urioste, 41, Centro. O curso terá a duração de 1 ano, nesta primeira fase. Como complementos do curso fazem parte workshops, palestras e oficinas com profissionais de diversas áreas, além da apreciação de espetáculos, sessões de cinema, filmes documentários, visitas a museus e exposições. Como parte da programação, no dia 18/10 p.p., visitamos o Espaço Cenográfico de J.C.Serroni, um dos mais importantes e premiados cenógrafos das últimas décadas que, generosamente, nos acompanhou durante toda a visita, além de doar livros para todos os alunos e para a biblioteca do CMT. Após, fomos assistir ao espetáculo “A Falecida Vapt-Vupt” de Nelson Rodrigues com direção de Antunes Filho no CPT – Centro de Pesquisa Teatral do SESC.
O CMT - Corpo Municipal de Teatro tem a coordenação geral do Maestro Rogério Brito, Diretor de Cultura da Secretaria de Cultura e Eventos e conta com uma equipe pedagógica de criação e produção, composta por Nivaldo Todaro (ator, produtor e diretor teatral desde 1971), Rafael Carvalho (ator, produtor e diretor teatral, formado em Artes Cênicas pela Universidade Federal de Ouro Preto), Leila Garcia (bailarina, Coreógrafa, professora e atriz desde 1981) e com apoio administrativo de Vânia Napier.
Depoimentos:

“Tudo que sinto em relação ao curso do Corpo Municipal de Teatro de Atibaia é um enorme prazer e quero descrever, de uma forma sublime, o quanto esta sendo importante este trabalho maravilhoso desenvolvido pelos professores, que mostram com muita motivação e dedicação o caminho para alcançarmos o objetivo principal desta nossa jornada. Com disciplina e conhecimento moldam-nos, como um oleiro transforma a tenra argila num deslumbrante vaso. Nas técnicas e experiência teatral sinto a responsabilidade do que é ser ator, percebo o quanto é importante a formação intelectual e a transformação de movimentos corporais em sentimentos, emoções e realismo.”
Marcos Antonio Luiz
aluno

“O Corpo Municipal de Teatro me faz resgatar a essência do humano”.
Alexsandro Santos de Oliveira
Aluno

“A partir do momento que comecei participar do corpo teatral aprendi muitas coisas, ler mais, interpretar textos e ter uma visão mais ampla sobre teatro... sou muito feliz por fazer parte desta família que é o corpo teatral.”
Edson Alexandre da Conceição
Aluno

“O teatro na minha vida é imenso. Imensidão que me ensina a viver e compreender o mundo por meio da arte e da cultura. O teatro despertou em mim valores que jamais pensei ter.”
Francisco Eulandio
Aluno

“Faço curso na ELT – Escola livre de Teatro em Santo André e comparando a qualidade de ensino do Corpo Municipal de Teatro de Atibaia é uma coisa incrível. A cidade esta muito bem servida de mestres não ficando nem um pouco atrás dos mestres da ELT. Atibaia tem de dar valor a isso!”
Filipe Ramos
estagiário

Oração para São Natalício – Edição nº 11 (Para ler consigo e ecoar)

Vista aérea do Museu Nacional após o incêndio, em setembro/2018.  Crédito Buda Mendes (Getty Images) Que sem palavras possamos reconhe...