quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

VOTOS DE NATAL E ANO NOVO*

*ACRESCIDO DA ORAÇÃO PARA SÃO NATALÍCIO 3 

Depois de dias regurgitando uma necessária mensagem de final de ano, onde gostaria de desejar aos meus amigos os votos de esperança em dias melhores, saúde, dinheiro, amor e sobretudo, fé, cheguei mais a perguntas do que a votos realmente. Aliás, “votos” segundo o dicionário Aulete são cumprimentos, felicitações manifestas a alguém: Fui levar-lhe meus votos de feliz Natal!

Particularmente, neste ano eu não consigo mais fazer votos, já fiz um que me custou um 2º turno do qual não me orgulho, pelo menos até o momento. Enfim, vamos aos meus “votos contrários” - ou seriam sensatos? – para o ano que termina:

Diga-me você o que é o Natal? Um aperto de mãos? Um abraço que já poderíamos ter afetuosamente nos dado ao longo deste ano que passou? O desejo de dias melhores? Por quê? Os outros não foram? Ou apenas a permanência dos dias melhores? Além disso, o que seria um dia melhor? Ah já sei, saúde para toda a família e amigos? Que saúde desejamos ao outro? Muito dinheiro no bolso? Afinal, dinheiro traz ou não felicidade? Rezamos diariamente para ele e ainda não sabemos responder. Dinheiro para gastarmos e no final do ano voltarmos a desejá-lo? Felicidade? Paz? Algum outro adjetivo que esqueci? 
Enfim, estes são os votos mais sinceros que consigo expressar para quem sabe assim remexer um pouquinho no sentido mágico que o Natal proporciona em nós.

                                                                                                                                             Natal por Bill Simone

ORAÇÃO PARA SÃO NATALÍCIO 3

Rezemos pela comédia da vida
Que os homens e as mulheres cuidem de si com mais leveza
Que sorriam mais diante do pão mofado que foi esquecido na bandeja da cozinha
E tenham acima de tudo a decência em partilhar o que é seu

Bom, minha mãe disse que está faltando no mundo:
PAZ, UNIÃO, COMPREENSÃO E SOLIDARIEDADE
Por isso peço a todos que rezemos:

Ó São Natalício, atenda as nossas preces

Ó São Natalício, não apague nossa luz!
E obrigado por hoje poder
Dizer que amo meus irmãos.

Amém

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Apenas uma idéia que me parece boa para se compartilhar, uma idéia de BOAL

Estudar para um concurso nos faz sentir renovados ao re-descobrir idéias já sentidas. O fato é que quando revividas tornam-se marcantes e por essa razão quero compartilhar um pequeno trecho que Augusto Boal traz em "Teatro do Oprimido e Outras Poéticas Políticas" na introdução da prática do Teatro como Discurso:

"Jorge Ishizawa dizia que o teatro da burguesia é o espetáculo acabado. A burguesia já sabe como é o mundo, o seu mundo, e pode portanto apresentar imagens desse mundo completo, terminado. A burguesia apresenta o espetáculo. O proletariado e as classes exploradas, ao contrário, não sabem ainda como será o seu mundo; consequentemente, o seu teatro será o ensaio e não o espetáculo acabado."

Tem dias que "o espírito de educador e de membro ativo que tem muito a colaborar para a mudança da sociedade" desperta em mim com uma força absurda.

Se esse cara não fosse importante para a EDUCAÇÃO, para o TEATRO, para a HISTÓRIA DO BRASIL e para o entendimento de uma DEMOCRACIA que se faz ativamente, ele não teria em seu nome as palavras AUGUSTO e nem BOA.


sábado, 30 de outubro de 2010

A IMITAÇÃO DA ARTE

Postagem escrita para o blog www.grupodopulo.blogspot.com

Nas duas últimas edições do De Versão em Versão, o Grupo do Pulo trouxe a público dois debates entre os principais candidatos à presidência e não por acaso, alguns dos temas discutidos ou idéias exploradas na encenação foram praticamente copiadas pela realidade. Vamos a elas:

1º) A Rede Cegonha!
A candidata petista chamada em nosso espetáculo como “Candidata Nº 1” lança o projeto Bolsa Cegonha com o intuito de levar muita gente no bico. Era incrível sua descrição, NA PEÇA, sobre como pretendia cuidar das mães e das crianças:
“E a saúde é uma questão fundamental no nosso país. Para melhorar a saúde nós temos que começar a cuidar das crianças, desde a gestação da mãe, passando pelo parto até chegarmos à criança propriamente dita. É um longo período. Digo, é um período de 9 meses. Mas, se pegarmos todas as mulheres do Brasil, são vários períodos de 9 meses. Por isso digo que é um período longo.”
Fato é que pela imitação da arte, ou obviedade da vida a “Rede” Cegonha está lá, como uma das variadas primeiras questões “fundamentais” do plano de governo da candidata petista!

2º) A Bolinha de Papel!
Pra quem esteve no último De Versão em Versão, verificou uma grande novidade, que foi a abertura da participação do público no espetáculo. Foram distribuídas em cada cadeira da platéia, bolinhas de papel para que fossem jogadas aleatoriamente em qualquer um dos candidatos ali representados. Fato é que por acaso, a Candidata Nº 1 levou uma enxurrada de bolinhas e o Candidato Nº 2, representado por este que vos fala, também ganhou algumas bolinhas, ou diria boladas? Fato é que uma delas acertou diretamente o meu olho, mas só depois usei isso como muleta para a criação. A vítima tucana se manifestava pela primeira vez!
A vida imitou a arte. E assim nosso tucaninho favorito se “machucou” bem no meio da calva, ganhando um aspecto meio Gorbachev de ser.

Repare, o lado da Candidata Nº 1 tem mais bolinhas!

3º) As 2 Professoras!
Podia me prolongar ainda mais e trazer mais pérolas que a Candidata Nº 1 e o Candidato Nº 2 proferiram nesta campanha limpa, esclarecedora e feliz que tivemos, mas prefiro registrar na memória o que foi marcante para minha criação como ator, como diretor e como eleitor desta comédia.
No último dos debates (que aconteceu ontem, 29/10/10) o Candidato Tucaninho Gorbachev ao ser questionado sobre o tema Educação, cita uma pérola já explorada pelo Grupo do Pulo na edição de setembro quando fala da presença de mais uma professora na sala de aula para melhorar os índices de alfabetização. Ontem, ele disse: “Nós colocamos 2 professoras em cada sala de aula, quer dizer, uma professora e uma estudante de pegadogia.”
Na De Versão do Grupo do Pulo o Candidato Nº 2 dizia: “Eu coloquei uma professora e uma estudante completamente despreparada ganhando uma mísera bolsa de estudos.”

Candidato Nº 2 articula suas idéias. 

E assim a vida imita a arte. Ou ainda, estamos tão cheio de obviedades neste campo de “discussão” e “engrandecimento” político que muitos dos discursos de nossos incríveis candidatos já poderiam ser mais do que previsíveis.

Neste domingo, 31 de outubro de 2010, o Brasil conta com o SEU voto! Pela democratização na hora de dividir a pizza, não em 8 pedaços apenas, mas em quase 190 milhões. Será que dá?

Um grande abraço!

Candidato Nº 2*

*Rafael Carvalho, Ator e Diretor das últimas edições do De Versão em Versão

domingo, 24 de outubro de 2010

Teatro Para Alguém apresenta '1,26' minipeça de Zen Salles

Quando o Zen Salles me convidou pela 3ª ou 4ª vez para participar da montagem de uma peça sua, pensei comigo, não posso mais dizer não. É engraçado, mas o que ganhou não foi nem o convite do Zen, mas o convite da peça '1,26' que é contemporânea por sua temática e pela linguagem de temporada que o Teatro Para Alguém realiza.
Pra quem não conhece, vale muito a pena passar pelo site www.teatroparaalguem.com.br e conferir trabalhos de qualidade desta nova maneira de se fazer teatro. Em 2009 tive a oportunidade de participar como dramaturgo com a peça "Algo a Dizer" e diretor em "Minhas Roupas" e "Quem é?", também disponíveis no site.

Voltando a '1,26' não posso deixar de colocar o prazer que foi trabalhar - mesmo que por tempo limitado - com o diretor Lucianno Maza (leia-se www.cadernoteatral.com.br),  o ator Rui Xavier e a atriz Bárbara Bruno, que foi nossa adorável mãe. A imagem que o Zen e o Maza criaram nessa peça permitiu um jogo onde é possível explorar a teatralidade num território totalmente novo, que é o digital, o "inter-nético", do qual a cada dia nos tornamos mais escravos e dependentes.
Se o Teatro Para Alguém faz parte da maneira nova de se fazer/ver Teatro, que seja sempre  bem vindo! Sejamos então dependentes deste novo Teatro também, será enriquecedor, tenho certeza. Mas sempre é importante considerar que este formato é uma parte dessa ramificação  de trabalho e pesquisa nas artes cênicas, uma possibilidade de criação. Espaços temos aos milhares para serem ocupados, temos aí a prova de um teatro que cada vez mais foge dos espaços convencionais e assume o lugar onde as pessoas vivem, no caso do TPA, em casa, no trabalho, numa lan house, nas ruas, ou em qualquer outro lugar que essa onda digital nos permita habitar.

Sem mais delongas assista '1,26', minipeça de Zen Salles*:



*Zen Salles está no Teatro do Mezanino do Sesi -SP com a peça "POROROCA", realizada durante o Núcleo de Dramaturgia Sesi/Britsh Council. A peça que está rendendo boas críticas e excelente recepção do público fica em cartaz até dezembro com sessões gratuitas.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Teatro: a arte da vida

Entrevista concedida para Fabiana Matsuda

Matéria publicada na edição de 25 de setembro de 2010 para o Jornal da Cidade, Atibaia - SP

Teatro é a arte de unir diversos sentimentos, fantasias, sonhos, realidades. Cada representação para o ator é estar diante de um novo personagem, de um novo público, de uma nova situação. Para os espectadores, segundo Carlos Drummond de Andrade, “ir ao teatro é como ir à vida sem nos comprometer".

“Trabalhar com a arte, seja em qual vertente for, é um privilégio do qual não se pode passar imune. O teatro é capaz de realizar mudanças na vida das pessoas, tanto daqueles que o produzem, como para quem assiste. A participação é ativa de todos os lados, do intérprete e de seu público, todos atuam”, afirma o ator Rafael Carvalho, que iniciou sua vida no teatro aos seis anos com o Grupo Estar Feliz, que combinava música, dança e muita poesia, coordenado pela professora Ísis Gonçalves.

“Acredito que somente pelas vindas da adolescência fui compreender que tinha vocação para atuar no teatro. As experiências na Biblioteca Municipal de Atibaia e a oficina de teatro com Arthur Leopoldo e Silva me fizeram ligar o clique que não apagou nunca mais. Esse aprendizado inicial foi muito importante para chegar ao campo profissional que estou hoje, sem as vivências que tive e os mestres que passaram por minha vida, talvez não seria essa pessoa tão empenhada no meu trabalho como sou e quero sempre ser”, afirma o ator.
Os pais do ator sempre o incentivaram, apoiaram e apóiam em todos os momentos. “Lembro de meu pai em algumas apresentações cheio de lágrimas nos olhos dizendo que tinha orgulho de minha escolha”, relembra.

Carvalho se formou em duas habilitações de Artes Cênicas, a Licenciatura e o Bacharelado em Direção Teatral na Universidade Federal de Ouro Preto, em Minas Gerais. Sempre faz cursos, não só relacionados ao teatro, mas também de artes visuais, música, literatura. “O ator precisa se atualizar, conhecer práticas, entender como funciona o seu corpo, como se dá a relação em contato com pessoas novas, que oferecem situações possíveis para a criação”, conta.

“Recentemente passei por uma experiência incrível com a dramaturgia, na qual pude fazer parte da primeira turma do Núcleo de Dramaturgia do Sesi-SP, British Council. Além de outros aprendizados na área de direção e produção cultural”, acrescenta o ator.

Rafael Carvalho destaca dois espetáculos do qual participou: O Teatro de Sombras de Ofélia, no qual aprendeu muito sobre o exercício de humildade e humanidade necessários para conviver em grupo e conquistar novos rumos; e Meu Corpo Noite Adentro, no qual fez o papel de uma travesti contando sobre sua vida cheia de alegria, violência, prostituição e desejos. “Esse monólogo me ensinou muito sobre a vida das pessoas, que às vezes achamos ser diferente de nós, mas na verdade, não passam de espelhos de nosso cotidiano, infelizmente ainda com muito preconceito”, afirma.

Atualmente, Carvalho ministra aulas de teatro em um colégio particular em Piracaia. Divide com Nivaldo Todaro e Leila Garcia, a direção do espetáculo A Balada do Flautista, projeto realizado em Atibaia.

Em São Paulo, faz parte do Grupo do Pulo, formado por integrantes da primeira turma do Núcleo de Dramaturgia do Sesi, que trabalha mensalmente com peças curtas, focadas em determinado momento do país. “Na última semana o tema foi eleições e eu procurei ser o mais fiel possível ao incorporar o candidato a Presidência da República, José Serra, que está em segundo lugar nas pesquisas. Foi uma apresentação incrível. O nome deste projeto é De Versão em Versão e acontece todo terceiro sábado do mês na Saraiva MegaStore do Shopping Morumbi”, conta Carvalho.

Segundo o ator, a maior dificuldade está na preguiça e na falta de coragem. “Para trabalhar nessa área não dá pra ficar sentado na frente da televisão tentando aprender com a novela das oito. Precisa ler muitas peças, assistir filmes, ir a exposições, escrever, conversar com as pessoas, conhecer os limites do próprio corpo, saber o que acontece no mundo, enfim, é preciso nutrir-se o tempo todo e deixar fluir. Porém, não dá para pensar que só com isso é possível ser ator ou atriz, precisa ter predisposição e o mínimo de dedicação”, ressalta Carvalho.

Quando questionado sobre a situação do teatro em Atibaia, Rafael Carvalho acredita que apesar de ter bons profissionais, cheios de vontade de trabalhar e fazer história, falta incentivo e políticas de apoio que estendam as atividades para outros pólos da cidade. “Assim, sem querer, acaba-se perdendo novos artistas potenciais, que poderiam ser representantes do cenário teatral atibaiense em muitos festivais de teatro. Sempre me perguntam onde fazer, como fazer, quem procurar. Eu digo, procure os órgãos públicos responsáveis pela cultura e cobre uma ação que seja positiva para o povo, que seja contínua e verdadeira. Não as iniciativas festivas, que duram apenas algumas semanas antes de grandes eventos da cidade, mas as que se mantêm na memória do povo, pois assim se faz história. Assim é que se realiza um pensamento positivo a respeito da arte e da valorização da cultura”, afirma Carvalho.

domingo, 26 de setembro de 2010

num rompante de romance sem par

Ontem, à noitinha já, disse a uma amiga:
“Vou parar de ficar procurando em mim o que só você pode enxergar”
E sem querer me veio um ar de romance do qual há tempos não me deixo tocar
Tento me lembrar da beleza do estar embebido de amor
De não saber por que as horas demoram tanto a se passar
Quando temos alguém para chegar ao encontro
De sentir aquele sentido que desperta a alma, que revigora a vida
De esquecer do que somos para enfim se entregar
Definitivamente se deixar exposto
E possivelmente, impossível de mudança
Essa sensação que só vemos no outro e que só o outro nos vê
Temos a retina para refletir, isso é o máximo pra nós.

                                                                            Gilbert Garcin

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Cachimbo Noir

Dias Gigantescos (1928), de René Magritte


O pintor belga surrealista René Magritte foi, em parte, grande inspirador para a confecção de minha nova peça que ganhou o nome de sua obra onde vemos um cachimbo pintado e o concreto lembrete de que o que se vê não é o que parece ser. Surgiu assim "Ceci n'est pas une pipe ou Este não é um cachimbo" onde o personagem Homem decide mudar seu sexo e deixar de ser o Homem para passar a ser a Mulher. É uma peça sobre a escolha de uma nova vida. É uma peça inscrita/escrita com bases fortes nas pinturas de Magritte, sobretudo nas obras Dias Gigantescos (1928), A traição das imagens (1929) e Golconda (1953).
Aos poucos, através do mergulho, plano eu confesso, pelo surrealismo, criei uma peça que dialoga com as Artes Visuais e procura por essa contemporaneidade fracionada que vivemos.
A peça foi iniciada no curso de dramaturgia com Roberto Alvim, no espaço Club Noir em São Paulom que no último dia 8 de setembro ganhou vida pelo Ciclo de Leituras coordenado pela atriz Juliana Galdino (ex-CPT e recentemente Macaco em "Comunicação a uma Academia").

Foto de Leituras 2010/Club Noir - 08/09/10

Sobre a Leitura: observar/ouvir/sentir o texto sendo lido/encenado expandiu meu campo de percepção à respeito de alguns personagens e me permitiu, acima de tudo, me ouvir ali, me ver ali, ser cúmplice de quem teve palavra, mesmo sendo dono delas e ao mesmo tempo não sendo mais. Está escrito. Está para o mundo.
Ainda sobre a Leitura: Boa. Alguns atores decepcionaram minha escuta. Um deles me fez chorar. De raiva. Poucos, confesso. Porém, outros me apresentaram uma abordagem nova desta passagem, que passou a ser melancóóólica até, bonita, nova. Vi um texto que talvez não queira que seja a versão final, quero outro, com pouca diferença, mas de fato, não este cachimbo. Outro.

A traição das imagens (1929), de René Magritte


Trecho da peça "Ceci n'est pas une pipe ou Este não é um cachimbo" de Rafael Carvalho:


Mulher Sozinha - O Homem acabou de deixar a sala de consulta. Ele está de costas para a platéia, em frente à porta branca. A consulta acabou de passar e não podia deixar que sua decisão se estendesse por muito tempo mais. Ele olha para o lado e vê um banco. Sentado permanece ali pensando. Olha para os três homens sentados um ao lado do outro. Olha para o casal. Ele olha para mim. Sinto seu silêncio. O Homem decidiu mudar seu sexo. Ele disse sim e agora vai deixar de ser O Homem e passará a ser A Mulher. Fisicamente, ele será A Mulher. Maquiagicamente ele será A Mulher. Remanufaturado. Mas ali sentado, sua percepção expande e começa a ver outros Homens, outras Mulheres, outras Crianças, outros Outros, outras Formas de vida das quais pode se multiplicar. Agora ele é apenas O Homem, mas não será somente um. Não mais. Com a decisão tomada, muitas vidas exigirão seu espaço de existência dentro deste corpo. Começa assim...

quarta-feira, 28 de julho de 2010

em consideração às últimas horas...

dan witz

Em consideração aos últimos dois dias onde particularmente precisei mergulhar num silêncio absoluto para quem sabe assumir minha loucura, ou ainda, procurar aceitar a loucura dos outros como padrão possível de coexistência e ah... Onde paramos no meio disso tudo?

Onde paramos nós, seres insensíveis de toque
que não sente a vontade de um Bom Dia
que não olha para o lado ver a cultura do outro passar
Onde foi parar nosso coração, que não sente mais o apertar
fica ali sentado ao banco apenas e vê a criancinha passar
chorando de fome, gritando por um nome
difícil fica então aceitarmos essa roda mundo roda gigante
Onde iremos parar, pararemos será então?
Espero/amos que não
O futuro, o futuro
futuuuro
ah, o futuro futuro
futuramente
O futuro.
Bom Dia!

E por que não utilizar deste veículo para também expôr as próprias cicatrizes? Assim talvez curem mais rápido.
O que busco é a expressividade de um movimento, no seu máximo grau de potência. Que seja um corpo percorrendo o campo ou um jato, de tinta, dançando pelo ar.

Expressividade! Seja bem vinda aos novos dias!

gilbert garcin

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Com ingressos esgotados, Corpo Municipal de Teatro de Atibaia faz sua estreia no Festival de Inverno


Por Rafael Carvalho e Nivaldo Todaro
* Matéria publicada em colaboração para o blog http://corpomunicipaldeteatro.blogspot.com/ 

Neste domingo, dia 18 de julho, o CMTA – Corpo Municipal de Teatro de Atibaia, estreia seu primeiro espetáculo após um ano de atividades do curso de formação teatral que teve início em agosto de 2009. Com o espetáculo “A Balada do Flautista” do autor espanhol Jordi Teixidor, o CMTA já ganha casa cheia em sua participação no Festival de Inverno 2010 e teve os ingressos esgotados já nas primeiras horas de distribuição do dia 12 de julho, trazendo grande satisfação para toda a equipe.

Sob a coordenação artística e pedagógica de Leila Garcia, Nivaldo Todaro e Rafael Carvalho, foi desenvolvida durante o processo de trabalho, uma metodologia própria, levando-se em conta os objetivos do curso e as características do grupo. Os alunos tiveram aulas teóricas e práticas de interpretação, história do teatro e estudos sobre o corpo do ator e complementando esta prática, foram feitas visitas ao Espaço Cenográfico de J.C.Serroni, a teatros em São Paulo para assistir a espetáculos e ao Museu da Língua Portuguesa, além de sessões especiais de cinema e leituras de peças de teatro.

Ao longo deste ano, o CMTA passou por quatro espaços diferentes. Iniciou no antigo Museu Olho Latino, em seguida foi para o Colégio Externato São José (que acolheu o projeto com grande entusiasmo) e nos últimos meses o grupo ocupou a Corporação Musical 24 de Outubro e o Centro de Convenções Victor Brecheret. Nesse processo, alguns alunos nos deixaram e seguiram novos caminhos. Os que ficaram, persistiram em seu sonho e agora se apresentam como potenciais novos atores e atrizes no cenário atibaiense. Nosso elenco é composto por: Alexsandro Oliveira, Camila de Oliveira, Edmir Motta, Edson Alexandre, Elaine Santos, Eva Ferrari, Francisco Eulândio, Iza Cristina, Jéssica Fontes, Júlio Reis, Marcos Antonio, Marina Cardoso, Paulo Sérgio, Rafael Bittar, Rosana Ataliba e Rosemildo Machado.

O CMTA, que contou com apoio da Secretaria de Cultura e Eventos, ainda não tem previsão de continuidade para o ano de 2010, mas espera-se que com a ação deste novo grupo, possam surgir novas iniciativas para formação de artistas em nossa cidade, favorecendo cada vez mais nossa produção.




O espetáculo “A Balada do Flautista” tem classificação de 10 anos e acontece neste domingo, 18 de julho, às 20h, no Centro de Convenções Victor Brecheret e promete levar para o público um momento de alegria e reflexão sobre a relação entre o poder e o povo de uma cidade assolada por uma praga de ratos.

CMTA posa para o programa Cotidiana, de Ana Gouveia

domingo, 27 de junho de 2010

MÊS DO ORGULHO? DE QUÊ?

Este mês, como dito na postagem anterior e sabido por muitos é o Mês do "ORGULHO" LGBT. Paradas, festas, ciclo de palestras, entre outros eventos, movimentaram a cidade de São Paulo, assim como outras cidades do país, em busca de uma reflexão sincera à respeito de causas que ainda se mostram adversas de muitos cidadãos.
Acreditando em minha função como artista, educador e cidadão, percebo que uma sociedade real não se constrói apenas pela avaliação de seus insucessos, mas sim pelas contribuições que fortemente vem para se entender a contemporaneidade como espaço único de mudança. Ultimamente ando sorrindo mais, ando acreditando apenas.
Mas nesta noite de domingo, ao ler uma matéria sobre um menino de 14 anos que foi torturado e assassinado em São Gonçalo - RJ, por supostamente ser homossexual... não sei, senti dor e ódio e medo de que o "ORGULHO" que o mês carrega seja um pouco vazio, afinal, de que adiantam os 3 milhões participantes de uma Parada na cidade de São Paulo, se não somos capazes de ecoar uma fúria e desejo de justiça à respeito de um crime cometido pelo preconceito? Um crime não, na verdade, segundo dados da Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transexuais (ABGLT), foram assassinados cerca de 2.800 homossexuais nos últimos 20 anos.
Ainda não sei o que dizer! Ainda estou em choque! Ainda quero perguntar:
Você que me lê, tem fome de quê? Tem ódio?  De quê? Tem amor? O que faz pela mudança do pensamento medíocre que sustenta este país? Ou melhor, a sua cidade ou o seu bairro ou a sua casa? Como se muda? Como podemos nos calar? Você só sabe gritar É GOOL? Ou sabe gritar CHEGA?
Apesar de andar sorridente nos últimos tempos, hoje durmo triste e infeliz e espero que quem leu esta postagem não se sinta ofendido mas, sinceramente invadido e convidado e divulgar a pobreza de ideais que ainda mergulhamos nalguns cantos deste país.

Rosas Brancas para Alexandre Thomé Ivo Rojão.


domingo, 13 de junho de 2010

ROSAS BRANCAS PARA SALETE

Junho é o mês do Orgulho LGBT e tradicionalmente acontece a colossal Parada na Avenida Paulista em São Paulo, que em 2010 chegou ao 14º ano de realização. Uma festa de harmonia entre homossexuais e heterosexuais, representados por entidades defensoras dos direitos dos LGBT, famílias e personalidades que apóiam a liberdade sexual e que acima disso, respeitam o ser humano como igual. Porém, há muito o que se caminhar, a campanha deste ano "Vote contra a homofobia: Defenda a Cidadania!" surge com foco no mês eleitoral deste outubro de 2010, que espera não ser mais um grito dos excluídos, mas uma voz real de quem não faz só barraco, mas que tem organização e uma causa humana, que é o Direito a Vida, Respeito, Segurança, entre tantas outras questões que são polêmicas apenas por ainda existir a vista grossa de uma camada preconceituosa, que ainda habita em todos os níveis sociais e públicos deste país.

Agora me distancio desta introdução para deixar uma dica: quando a Copa acabar e voltarmos a ser brasileiros como realmente somos, convido todos a subir no alto de seus saltos e lembrar que é todo dia que se constrói um país igual, que seja também pelo voto, mas antes, que seja pela voz!
Bom, depois do momento desabafo "Eu não sou brasileiro só na Copa" quero compartilhar sobre o envolvente espetáculo que assisti na última sexta-feira: ROSAS BRANCAS PARA SALOMÉ, de Gladston Ramos, com Salete Campari passeando pela vida da transformista Salomé, figura ímpar para a memória da homossexualidade no cenário artístico brasileiro. Salete oferece Rosas Brancas para seu público que tem o prazer de compartilhar uma história que muitas vezes deixa de ser singular e transcende o palco, invadindo a particularidade de cada espectador, que mergulha fundo em sua história de vida, seja pelo preconceito algum dia vivido ou pelas paixões avassaladoras que deixam sua marca. A cara da realidade gay vivida por Salomé entre as décadas de 40 e 70 ainda ecoa à margem da sociedade contemporânea e Salete traz com Salomé uma possibilidade de cura para todo mal, trazendo o olhar humano, visto de dentro de um camarim, as lembranças que vivemos todos os dias.

Agora segue o convite:
"Rosas Brancas para Salomé"
Onde: Teatro do Ator - Pça Roosevelt, 172 - São Paulo - SP
Todas as
sextas às 21 horas
Ingresso:
2 kg de alimentos não perecíveis revertidos para a Casa Brenda Lee ou R$ 10.

quinta-feira, 15 de abril de 2010

PRAZO DE VALIDADE NA JUSTIÇA BRASILEIRA

Nos tempos atuais, fica impossível sair de casa sem um raminho de ARRUDA dependurado por detrás de uma das orelhas. É, porque hoje em dia está uma loucura! Não se sabe mais quanto pagaremos no preço do feijão! Na compra do mês passado era Dois e cinquenta e trêssss hoje já estamos nos duros Quatro e trinta e trêssss! Isso não é bacana!

Como continuar convivendo com essa orgia pública da justiça brasileira, onde o ladrão que rouba ladrão vai dali, da prisão, direto para a mansão? Ah gente! Poxa!

Neguinho escorregando de TOBOGÃ no Rio de Janeiro e em Niterói pode né? E o prazo de validade da justiça que vai investigar as irregularidades do poder público na inspeção das áreas de risco? Ah, isso não tem prazo de validade!

Porque no país do Tudo Pode! a gente sai como bons irmãos que somos de mãos dadas com o alemão, com o chinês, com o português, o inglês, o francês e outros ês e cantamos: “Caminhando e cantando e seguindo a canção, somos todos iguais braços dados ou não.

Gente! Fica ligado gente! Poxa! Isso não é bacana! ARRUDA na mansão? Nãããããoooo, ARRUDA é no pé do ouvido, porque assim sempre tem alguém de olho na verdinha!

Agora o TOBOGÃ... esse não me entra na cabeça. Se bem que isso já faz parte de uma das obras das Olimpíadas de 2016 né? Vocês não viram os Jogos de Inverno de Vancouver, aquelas pistas geladas maravilhosas? Aquela brancura bonita de gelo, vocês acham que eram o que antes? Morro! Morro! Assim eu morro! Ah, isso não é bacana!

Como cronômetros que somos, ou deveríamos ser, vamos medir o tempo da justiça para ARRUDA e para os desalojados pela onda de enchentes e desabamentos... aliás, antes de verificar o terreno do vizinho, por que não olhar para os bairros ou cidades próximas de onde você mora e procurar saber um pouco sobre a vida política de seus governantes? E também, como anda o atendimento aos atingidos pelas catástrofes naturais nos últimos meses? Precisamos refrescar a memória sempre, lembrar que somos BRASIL a todo tempo e em todos os lugares do país.

Ps. Brasil e país ficou um pouco redundante, mas era essa mesma a ideia.

Foto da enchente no município de Atibaia-SP, em janeiro de 2010.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

UM CREPÚSCULO DOS DEUSES

E é assim, fazendo referência ao belíssimo filme de Billy Wilder, que retomo essas abóboras no intuito de trocar, com maior freqüência, receitas de padrão artístico cultural.

Para (re)tomar, trago o melhor dos prazeres em imagem e som, Chet Baker e o crepúsculo, a melhor das combinações. Descrevendo com palavras mais viventes deste novo homem sóbrio da sociedade, crepúsculo não é apenas o filme baseado naquela série da Stephenie Meyer, mas o nome mais requintado para pôr-do-sol, anoitecer ou fim de tarde, também pode ser aplicado para o nascer do sol, ou seja, faz parte daquela coloração que vemos quando o sol ainda não sumiu ou apareceu por completo, no caso, uso crepúsculo por combinar com uma sonoridade ainda mais envolvente, a de Chet Baker.

Baker foi um grande trompetista do jazz norte-americano que trouxe um romantismo afogado pela acidez embriagante de sua destreza no trompete e acima de tudo com sua aveludada voz, que me desculpem os desgostosos pelo estilo, mas extremamente eficaz quando se quer falar para o coração. Songs de sucesso como “My funny valentine” apresentam uma beleza ímpar da criação melódica e envolvente com a voz sedutora de Chet Baker. Vale a pena conferir também “Like someone in love”, mas hoje presenteio com “The thrill is gone”:

Como todo “bom” representante da música do século XX, Baker teve um histórico como a de um bêbado banhado num mar de seringas mal afiadas. Teve uma vida longa até... 59 anos! Que lhe renderam uns dentes perdidos e é claro, as melhores canções para toda a eternidade.

Confiram comigo uma excelente combinação para este outono/inverno de crepúsculos avermelhados e arroxeados com Chet Baker... se bem que um vinhozinho também pegaria super bem! Evoé!

domingo, 17 de janeiro de 2010

Quando eu voltar a ser criança...

Para começar um ano bom, a proposta foi: ler todos aqueles livros que estão na prateleira há dias, semanas, meses ou anos colecionando camadas e camadas de poeira - coisa que não deixo acontecer, afinal sou um virginiano legítimo. O fato é que dentre Miseráveis, Tchecov’s, Brook’s, Lehmman’s, Gorki’s, Poe’s e afins escolhi Janusz Korczak com “Quando eu voltar a ser criança”. Escolhi esse primeiro, pois ganhei “emprestado” há cerca de um ano, ou mais, de minha irmã de sangue nascida em Minas, a Luana, quando disse que queria escrever uma peça infantil sobre garotos discutindo seus problemas numa mesa de bar tomando um guaraná. O desejo de escrever a peça ficou escondido na pasta de projetos pela metade, mas a leitura de “Quando eu voltar...” me transportou para um universo muito íntimo e particular, o da memória.

No livro de Korczak, o adulto personagem principal dá um salto no tempo e revive todas as alegrias de uma criança: a escola, a brincadeira, o primeiro cachorrinho, o primeiro amor, a família, a amizade e também tudo aquilo que machuca e causa dor e frustração. Durante seus renovados dias infantis, o garoto reflete como voltaria a ser um adulto como era antes, agora que teria a chance de ser um homem novo, cheio de brilho no olhar ao voltar para seus alunos e para sua vida de gente grande, afinal sempre é assim, se somos grandes gostaríamos de voltar a ser crianças e se somos crianças queremos ser adultos e no final percebemos... Pra quê isso tudo?
Sim, no final ele se fez a mesma pergunta e voltou a ser adulto! Voltou a ser adulto e talvez o mesmo adulto que um dia foi. Terminado o livro veio a frustração, mas ao mesmo tempo concluí que é impossível voltar a ser uma criança feliz alegre e sorridente por toda a vida.

É possível aceitar que há dias em que se chove, mas há dias... Há dias que se faz sol.

Agradeço a Luana, pois pretendo retomar minha peça. Aliás, não acho a pasta de projetos pela metade... rs

Tudo bem, recomeço!

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