Mensagem inicial: Na oração deste ano troquei o Amém pelo Amem e o
propósito disso é justamente o que a palavra traduz. É justamente do que
precisamos brindar o mundo. Na edição anterior falei de abraços, pedi a São Natalício
que durassem muito mais que 20 segundos. Neste ano convoco o que é inerente ao
humano.
La Grenouillère, Claude Monet (1869) |
Que possamos ser mais táteis
Que reconquistemos a sensibilidade que se abriga dentro
do peito
Que os olhos possam se tocar mais
A beleza do encontro existe quando há(bertura)
Que o sentido tátil inunde o sigilo de tudo o que
esteve um dia trancado
Não viveremos se continuarmos atrás de nossas telas
As telas existem para serem impressas por algo que
irradie mais vida.
Claude Monet, pintor impressionista do final do
século XIX, me ensinou hoje:
“Todos
discutem minha arte e fingem compreender, como se fosse necessário compreendê-la,
quando é simplesmente necessário amar.”
E complemento o quanto é necessário ocupar suas
paisagens.
Que as paisagens de Monet passem a ser carregadas
de corpos em encontro
Que as formas que adotamos como certas sejam
realinhadas no espaço
Que nossos corpos se disformem
Que aceitemos a mudança com olhos livres
Que os olhos se fechem para outras cores vibrarem ao
redor
Que o toque seja símbolo latente para uma mudança
de perspectiva
Que o silêncio não impere diante da mediocridade
Que nossos corpos ocupem as cidades, ocupem as
palavras duras que serão proferidas pelos duros de toque
Que diante do caos lembremos do voo de um pássaro.
Monet disse que adoraria pintar como o pássaro
canta.
Pintar sinfonias.
Que o toque venha pela cor, preferencialmente todas.
Que no dia de amanhã, ao final de 2018, possamos
nos olhar em toque e dizer sem palavras que perdemos belas chances e ganhamos
outras, que nos lançaram rumo ao inesperado, rumo a um plano não delineado.
Que a tortuosidade de nossos corpos sejam uma bela
estrada
Que sejamos percorridos.
Que o universo que se abriga em nós mesmos se
revele enfim.
Ó São Natalício, não apague nossa luz!
E obrigado por hoje poder dizer
Que amo meus irmãos.
Amem!
Rafael R. C. – Fim de Ano 2017