domingo, 17 de janeiro de 2010

Quando eu voltar a ser criança...

Para começar um ano bom, a proposta foi: ler todos aqueles livros que estão na prateleira há dias, semanas, meses ou anos colecionando camadas e camadas de poeira - coisa que não deixo acontecer, afinal sou um virginiano legítimo. O fato é que dentre Miseráveis, Tchecov’s, Brook’s, Lehmman’s, Gorki’s, Poe’s e afins escolhi Janusz Korczak com “Quando eu voltar a ser criança”. Escolhi esse primeiro, pois ganhei “emprestado” há cerca de um ano, ou mais, de minha irmã de sangue nascida em Minas, a Luana, quando disse que queria escrever uma peça infantil sobre garotos discutindo seus problemas numa mesa de bar tomando um guaraná. O desejo de escrever a peça ficou escondido na pasta de projetos pela metade, mas a leitura de “Quando eu voltar...” me transportou para um universo muito íntimo e particular, o da memória.

No livro de Korczak, o adulto personagem principal dá um salto no tempo e revive todas as alegrias de uma criança: a escola, a brincadeira, o primeiro cachorrinho, o primeiro amor, a família, a amizade e também tudo aquilo que machuca e causa dor e frustração. Durante seus renovados dias infantis, o garoto reflete como voltaria a ser um adulto como era antes, agora que teria a chance de ser um homem novo, cheio de brilho no olhar ao voltar para seus alunos e para sua vida de gente grande, afinal sempre é assim, se somos grandes gostaríamos de voltar a ser crianças e se somos crianças queremos ser adultos e no final percebemos... Pra quê isso tudo?
Sim, no final ele se fez a mesma pergunta e voltou a ser adulto! Voltou a ser adulto e talvez o mesmo adulto que um dia foi. Terminado o livro veio a frustração, mas ao mesmo tempo concluí que é impossível voltar a ser uma criança feliz alegre e sorridente por toda a vida.

É possível aceitar que há dias em que se chove, mas há dias... Há dias que se faz sol.

Agradeço a Luana, pois pretendo retomar minha peça. Aliás, não acho a pasta de projetos pela metade... rs

Tudo bem, recomeço!

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